CHOPIN - Obra Completa para Piano e Orquestra
Volume I - Concerto Nº 1, OPUS 11 - CD e LP

CD

Concerto Nº 1 para Piano e Orquestra
em Mi menor, OP 11
01. 1º Mov.: Alegro Maestoso (21:48)
02. 2º Mov.: Romanza (10:47)
03. 3º Mov.: Rondó (10:20)

LP
LADO A
Concerto Nº 1 para Piano e Orquestra
em Mi menor, OP 11
01. 1º Mov.: Alegro Maestoso (21:48)
LADO B
Concerto Nº 1 para Piano e Orquestra
em Mi menor, OP 11
01. 2º Mov.: Romanza (10:47)
02. 3º Mov.: Rondó (10:20)

Orquestra Filarmônica de Sofia
Regente Dimitr Manolov


Ficha Técnica

Produção na Bulgária
Este feliz reencontro de duas personalidades artísticas afins foi promovido pela Companhia Estatal de Discos da Bulgária BALKANTON, em junho de 1986, na Sala de Concertos Bulgária (Sofia - Bulgária).
Idealização: Aleksandr Yossifov
Produção Geral: Juliana Marinova
Ton Regisseur: Stefan Vladkov
Produtor: Hristo Tantchev
Assistente: Nicola Mirtchev
Engenheiro de Som: Giorgi Harizanov
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Afinação: Yossif Angelov
Gravação Digital: Sony, editado nos Estúdios BALKANTON, Sofia
Corte: Elio Gomes
Montagem: Ronaldo Monteiro
Produtor Executivo no Brasil: Mauricio Quadrio
Projeto Gráfico: Claudio Carvalho Criação & Comunicação
Foto: Antonio Guerreiro

CBS Records Masterworks


CHOPIN EM VARSÓVIA: O NACIONALISMO E O VIRTUOSISMO

Um dos aspectos mais interessantes deste conjunto de concertos e peças para piano e orquestra é o caráter documental.
Os dois concertos têm o carimbo da Varsóvia alegre e despreocupada dos anos 1820-1830. As Variações op. 2 atestam o cosmopolitismo dessa Varsóvia, lembram os salões que Chopin freqüentava, a ópera da província que tentava se tornar metrópole. As danças e canções folclóricas, do campo e da cidade, não só estão presentes nestas três obras, como são o tema central das outras três peças (Fantasia op. 13, Krokowiak op. 14 e PoIonaise op. 22).
A onipresença do virtuosismo pianístico mostra a grande preocupação do jovem Frederic em renovar a técnica instrumental. A gênese destas composições é contemporânea da dos Estudos op. 10, monumento da literatura musical que mais tarde, com toda a propriedade, seriam dedicados a Franz Liszt, o rei dos virtuoses.
A melancolia, o lirismo e o senso dramático, traços chopinianos característicos também aparecem significativamente nesta coleção, reveladora do jovem gênio recém saído da adolescência e iniciando a criação de uma arte nacional. Freqüentava os salões da nobreza, mas ouvia e sentia o povo dos campos e das ruas. Sua inteligência aguda, formada por Voltaire, mostrou-lhe o caminho a seguir: sendo um espírito intuitivamente progressista e democrático, recebeu na alma o pulsar do coração da Pátria, que não vinha dos salões, e sim das ruas de Varsóvia.
A aristocracia dominante, de triste e peculiar miopia histórica, negara-lhe uma bolsa de estudos no estrangeiro, emitindo o seguinte parecer formal: "Não se deve dilapidar os fundos públicos para ajudar artistas desse gênero”.
Chopin partiria para sempre aos 20 anos. Na bagagem, as seis composições para piano e orquestra, uma urna de prata com terra polonesa, a fita que lhe dera sua amada, Constance Gladkwoska, e o inestimável tesouro que o sofrimento e a dor iriam multiplicar: seu gênio. Já adivinhava que não mais reveria o país natal e tinha uma certeza íntima: a de que só poderia contar consigo próprio e com seu piano.

CONCERTO Nº 1

O Concerto nº 1, em mi menor, op. 11, foi composto em 1830, dedicado ao pianista e compositor Frederic Kalkbrenner, e editado em 1833. Chopin tocou-o, pela primeira vez, em seu concerto de adeus a Varsóvia, dia 11 de outubro de 1830. Menos de um mês depois, partiria, para nunca mais voItar.
Este concerto é longo e brilhante, de conteúdo romântico e forma clássica, com evidente preocupação instrumental: vários trechos com fórmulas semelhantes aos Estudos op. 10, arpejos extensos e notas dobradas. É também aqui onde a orquestra é mais maciça: 4 trompas e não duas, 3 tímpanos e não dois, como nas demais composições. Outra peculiaridade é o trombone- baixo solitário, em vez dos 3 habituais, aqui, no 2º Concerto e na Polonaise. É provavelmente resultado de condições locais. Muitas orquestras, no início do século XIX, só tinham um trombone que, nesse caso, era um baixo. Sua parte não era limitada a somente dobrar os fagotes: quando a linha temática mais importante está no baixo, o trombone se torna um instrumento melódico, realçando o tema principal em pontos cruciais.
O "tutti" inicial do Allegro maestoso, que é tocado com cortes absurdos em algumas versões, é aqui apresentado integralmente, assim como é respeitada a orquestração original de Chopin (nesta e nas 5 peças restantes que compõem esta coleção), mais pura e efetiva que as tentativas de "melhorá-Ia” de Klindworth, Tausig e Balakirev, entre outros. A conhecida e belíssima melodia, tipicamente varsoviana, do primeiro tema do solo é de um lirismo juvenil, e tem na ingenuidade, como o acompanhante em acordes, a principal razão do seu encanto deslumbrante. Também o segundo tema, em mi maior, se desenvolve notavelmente, e sua reexposição, em sol maior, é ainda mais emocionante. Interligando esses episódios em cantabibile, um desenvolvimento bastante complexo, e "pontes" extremamente engenhosas.
Mas aqui, como no 2º Concerto, os Allegros iniciais funcionam como grandes prelúdios para os movimentos lentos, que são, nos dois casos, os momentos culminantes, emocional e musicalmente falando. A Romanza é em mi maior, relativo de dó sustenido menor, o tom do Adagio da Sonata quasi una Fantasia, op. 27 nº 2, de Beethoven, a Sonata "ao luar". O próprio Chopin estabeleceu o parentesco entre os dois trechos, quando descreveu sua Romanza como "um sonho primaveril à luz da lua". O título Romanza é certamente uma alusão às "Baladas e Romanzas", primeiro volume das poesias de Mickiewicz, inaugurador do Romantismo na Polônia. Tratava-se, portanto, de uma adesão consciente do jovem músico ao movimento romântico; as Baladas de Chopin, viriam depois. Nesta Romanza, o acompanhamento das cordas, em surdina, lembra os reflexos do luar. A última exposição do tema pelas cordas, com o piano acompanhando em delicados arabescos, fecha esta espécie de noturno nos lembrando o poeta: "Ora, direis, ouvir estrelas..."
O Rondó final é uma krakowiak, dança em 2/4, originária da região de Cracóvia, no sul da Polônia. (Ver comentários sobre a krakrowiak op. 14, no vol. III desta coleção). Extremamente bem escrito e instrumentado, este Rondó fecha o Concerto de maneira brilhante, na mesma alegria com que se dançava a krakowiak nas festas: sempre para encerrar, quando os ânimos atingiam o auge.

Arthur Moreira Lima


No momento em que, dentro de um mundo globalizado, tentamos fortalecer nossa identidade, imprescindível para...

Copyright© 2008 AML Cultural. Todos os direitos reservados.


Nesta sessão você pode ouvir trechos de músicas e de entrevistas onde o pianista fala um pouco sobre a sua vida e seus projetos.