CHOPIN - Obra Completa para Piano e Orquestra
Volume II - CD e LP
Concerto Nº 2, OP. 21 - Grande Fantasia, OP. 13

CD
Concerto Nº 2 para Piano e Orquestra
em Fá menor, OP 21
01. 1º Mov.: Maestoso (14:45)
02. 2º Mov.: Larghetto (8:58)
03. 3º Mov.: Allegro Vivace (8:56)

04. Variações sobre "Lá Ci Darem La Mano" do
"Don Giovanni" de Mozart, OP. 2

LP
Lado A
Concerto Nº 2 para Piano e Orquestra
em Fá menor, OP 21
01. 1º Mov.: Maestoso (14:45)
02. 2º Mov.: Larghetto (8:58)

Lado B
Concerto Nº 2 para Piano e Orquestra
em Fá menor, OP 21
01. 3º Mov.: Allegro Vivace (8:56)

02. Grandes Fantasias sobre Temas Populares Poloneses, OP. 13


Ficha Técnica

Produção na Bulgária
Este feliz reencontro de duas personalidades artísticas afins foi promovido pela Companhia Estatal de Discos da Bulgária BALKANTON, em junho de 1986, na Sala de Concertos Bulgária (Sofia - Bulgária).
Idealização: Aleksandr Yossifov
Produção Geral: Juliana Marinova
Ton Regisseur: Stefan Vladkov
Produtor: Hristo Tantchev
Assistente: Nicola Mirtchev
Engenheiro de Som: Giorgi Harizanov
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Afinação: Yossif Angelov
Gravação Digital: Sony, editado nos Estúdios BALKANTON, Sofia
Corte: Elio Gomes
Montagem: Ronaldo Monteiro
Produtor Executivo no Brasil: Mauricio Quadrio
Projeto Gráfico: Claudio Carvalho Criação & Comunicação
Foto: Antonio Guerreiro

Orquestra Filarmônica de Sofia
Regente Dimitr Manolov
CBS Records Masterworks


CONCERTO Nº 2

O Concerto nº 2, em fá menor, op. 21, foi composto em 1829, portanto, pouco antes do nº 1 (ver comentários sobre o Concerto nº 1, no vol. I desta coleção), dedicado à Condessa Delfina Potocka e editado em 1836 (3 anos depois do seu par, daí a troca na numeração). Durante suas andanças pela Europa, em 1830/31, Chopin perdeu as partes de orquestra, e a demora em reprepará-las atrasou consideravelmente a publicação.
A primeira audição foi em Varsóvia, dia 17 de março de 1830, e logo depois, Chopin se apressou em terminar o Concerto em mi menor (Concerto nº 1). Os dois concertos foram compostos quase simultaneamente e com muita rapidez, tendo, por isso, uma unidade de idéia e de estilo, que poderia fazê-los figurar sob o mesmo número de opus, como Beethoven fazia amiúde com suas sonatas e quartetos.
Este concerto é quase camerístico. A orquestração, mais rarefeita, torna-o mais intimista do que o primeiro. Pessoalmente, devo confessar que o Concerto nº 2 é uma das minhas peças preferidas, em todo o repertório musical.
No Maestoso, Chopin abrevia a reexposição de maneira notável: logo após atacar o primeiro tema, o plano modula inesperadamente para Iá bemol maior. Um pedal de mi bemol, sustentado pela trompa, serve de pano de fundo para os suaves arabescos do piano, e o segundo tema se insinua, flutuante, como uma terna recordação. Pura poesia...
Toda essa beleza está apenas servindo de intróito para o Larghetto, um dos momentos mais inspirados do compositor. É um canto da noite, e a ele Chopin se refere, em carta a seu grande amigo Titus Woyciechowski, como o retrato do seu ideal feminino (Constance Gladkowska), a quem dedicou o concerto, tendo o piano como confidente. Mais tarde, esta obra-prima, ao ser publicada, traria a dedicatória a Delfina Potocka, de quem conservou a amizade até o leito de morte. Moribundo, pediu-lhe que cantasse o Hino à Virgem, de Stradella.
A introdução orquestral deste movimento é um belíssimo diálogo entre as cordas e as madeiras, preparando magistralmente a entrada do piano. Na parte central, a emoção transborda no recitativo operístico e dramático do piano, sobre um "tremolando" das cordas, com os baixos em "pizzicato", instrumentação digna de figurar no famoso tratado de Berlioz. E, finalmente, o toque sutil, tipicamente chopiniano, na orquestração: o fagote, no final, segue o piano, primeiramente a um compasso de distância (canon à oitava), e logo, em contraponto, de uma simplicidade digna de Bach ou Mozart, seus compositores preferidos.
O terceiro movimento é uma mazurka. Para este final, Chopin já se havia exercitado no Rondó à Ia Mazur, op 5. Seu delicioso cunho popular é realçado por um trecho onde as cordas são tocadas "col legno", isto é, com a parte de madeira do arco. Muito ousado para a época, pois se trata de um efeito comumente usado pelos violinistas de rua na Varsóvia de então. A trompa, em fanfarra, anuncia a "coda", onde o piano brilha, com passagens em notas dobradas de grande dificuldade técnica. Este eletrizante efeito, com a trompa repetindo um desenho que o piano já enunciara e desenvolvera antes, é de difícil execução e o melhor exemplo da utilização inteligente e funcional dos metais na instrumentação de Chopin.

ANDANTE SPIANATO E
GRANDE POLONAISE BRILHANTE

O Andante Spianato e a Grande PoIonaise Brilhante, op. 22, foram compostos em 1830/32, dedicados à Baronesa d'Est e editados em 1836. A primeira audição se deu em Paris, dia 26 de abril de 1835. Chopin se fez acompanhar pela famosa Orquestra da Sociedade de Concertos, em memorável apresentação, na Sala do Conservatório.
O Andante Spianato é um noturno em sol maior, para piano solo. Mendelssohn se referiu à peça como Noturno. É possível mesmo que Chopin tivesse planos para incluí-Ia, como Noturno, no opus 27.
Por "spianato" se entende o canto calmo, tranqüilo. A melodia aqui se espraia sobre um desenho em arpejos da mão esquerda, enriquecido por ornamentações em notas rápidas. Liszt comparou essas "fiorituras" a "gotas de orvalho matizado caindo sobre a figuração melódica". Uma fugidia mazurka, na parte central, não chega a quebrar a placidez desta linda música. É apenas uma longínqua e terna recordação da infância. A pedalização inovadora cria um ambiente impressionista. Chopin gostava muito de tocar este Andante e os testemunhos da época revelam que o fazia de maneira inigualável e inesquecível.
A PoIonaise, em mi bemol maior, anunciada por um "tutti" orquestral, faz jus ao adjetivo "brilhante", e é mais do que apenas bem escrita para o piano. A orquestra é perfeitamente dispensável, o que explica o fato de ser esta peça mais conhecida em piano solo. Cada entrada do tema é variada por rica ornamentação, e há elegância e fluência no conjunto. O segundo tema, em dó menor, é caracteristicamente polonês em sua poesia, e a "coda", extremamente efetiva.

GRANDE FANTASIA, OP. 13

A Grande Fantasia Sobre Temas Populares Poloneses, em lá maior, op. 13, é raramente tocada em nossos dias. Foi composta em 1828, dedicada ao pianista e compositor alemão J. P. Pixis e editada em 1834. Chopin interpretou esta peça, pela primeira vez, em seu concerto de despedida de Varsóvia, dia 11 de outubro de 1830. Declarou depois que jamais tinha se sentido tão à vontade com a orquestra. Ficou muito satisfeito porque sua performance da Mazurka final (um kujawiak), provocou uma tempestade de aplausos. A peça é um retrato do gosto da época pelos "pot-pourris": o público era pouco ou nada ilustrado, e se sentia gratificado ao reconhecer o tema das canções da moda.
Depois de uma introdução orquestral, o piano entoa uma melodia algo sentimental, que prepara a entrada do tema da canção "A lua já apareceu". Depois de variada e desenvolvida com extrema delicadeza, a canção dá lugar a um tema de Charles Kurpinski. É um tema lírico, de origem ucraniana, como as "dumkas" (canção ucraniana, triste e pensativa) das óperas de Moniuszko. O folclore ucraniano era muito conhecido em Varsóvia, trazido pelos senhores de terras do sudeste da Polônia (onde os latifundiários (poloneses), absorviam a cultura dos servos (ucranianos). O tema, enunciado pela orquestra, é primeiramente variado pelo piano, em estilo de noturno, passando depois para a orquestra, enquanto o piano acompanha virtuosisticamente. Um Kujawiak (tipo de mazurka da região de Kujawia, perto de Torun) encerra a obra de maneira brilhante.

Arthur Moreira Lima


No momento em que, dentro de um mundo globalizado, tentamos fortalecer nossa identidade, imprescindível para...

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Nesta sessão você pode ouvir trechos de músicas e de entrevistas onde o pianista fala um pouco sobre a sua vida e seus projetos.